Agência Brasília* | Edição: Saulo Moreno
“Além da imunização, há outras formas muito importantes de prevenção e que não têm segredo: usar preservativo nas relações sexuais, o não compartilhamento de objetos de uso pessoal, como lâminas, alicates de unhas e seringas, e higienização correta dos alimentos”Beatriz Maciel, gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde
“As hepatites virais podem ser controladas com diagnóstico precoce, tratamento e medidas de prevenção, incluindo vacinas para alguns tipos do vírus. No entanto, o desconhecimento sobre a doença faz com que muitas pessoas só sejam diagnosticadas quando apresentam complicações, como cirrose e câncer de fígado”, explica Beatriz Maciel, gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde.
Para debater sobre as hepatites virais, a Secretaria de Saúde organizou o “Seminário sobre atenção integral às pessoas com hepatites virais no Distrito Federal: informar para sensibilizar”, que será realizado no próximo dia 19, das 8h30 às 17h, no auditório da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs).
O principal objetivo é aprimorar as atividades de prevenção, vigilância, diagnóstico e tratamento das hepatites virais no DF. O seminário é destinado a profissionais de saúde das redes pública e privada, além de estudantes da área. As inscrições podem ser feitas neste link.
Dados da doença
No Distrito Federal, de 2017 a 2021, foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 1.331 casos novos de hepatites virais, sendo 515 (38,7%) de hepatite B, 812 (61,0%) de hepatite C, e quatro (0,3%) de hepatite D. Em relação à hepatite A, no ano de 2021 foram notificados 301 casos no Sinan, sendo dois casos confirmados.
De 2017 a 2021, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), ocorreram no DF 109 óbitos que tiveram como causa básica as hepatites virais, sendo 76 por hepatite C e 19 por hepatite B.
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.
Transmissão
A via primária de transmissão das hepatites virais B, C e D é a parenteral, por contato com sangue e hemoderivados, podendo também ser transmitidas por contato sexual e de mãe infectada para o recém-nascido (durante o parto ou no período perinatal). Usuários de drogas injetáveis, pessoas em hemodiálise ou com múltiplos parceiros apresentam maior risco de infecção pelos vírus.
A transmissão pode ocorrer ainda pelo compartilhamento de objetos contaminados, como lâminas de barbear ou depilar, escovas de dente, alicates e acessórios de manicure e pedicure, materiais para colocação de piercing e para confecção de tatuagens, instrumentos para uso de substâncias injetáveis, inaláveis (cocaína) e fumadas (crack).
Pode ocorrer também em acidentes com exposição a material biológico, procedimentos cirúrgicos, odontológicos, endoscopia, entre outros, quando as normas de biossegurança não são respeitadas.
Prevenção
Todas as hepatites virais podem ser evitadas com alguns cuidados. Para a do tipo A o recomendado é lavar as mãos com água e sabão após ir ao banheiro, trocar fraldas e antes de cozinhar ou comer, além do uso de água tratada, saneamento básico e higienização adequada dos alimentos.
“Todas as pessoas com infecção pelo vírus da hepatite B ou C podem receber o tratamento gratuito pelo SUS. O médico, tanto da rede pública quanto suplementar, poderá prescrever o tratamento seguindo as orientações dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e B (PCDT Hepatite C e PCDT Hepatite B) do Ministério da Saúde”Beatriz Maciel, gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde
Segundo Beatriz, as vacinas são as principais estratégias de prevenção contra as hepatites A e B, e estão inseridas no Calendário Nacional de Vacinação pelo SUS. “Além da imunização, há outras formas muito importantes de prevenção e que não têm segredo: usar preservativo nas relações sexuais, o não compartilhamento de objetos de uso pessoal, como lâminas, alicates de unhas e seringas, e higienização correta dos alimentos”, destaca. A hepatite C não possui vacina.
Diagnóstico e tratamento
A rede pública de saúde do DF disponibiliza os meios para se diagnosticar as hepatites virais, sejam exames de sangue e testes rápidos ou laboratoriais, em qualquer unidade básica de saúde (UBS) e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado no mezanino da Rodoviária do Plano Piloto. Os testes rápidos para a detecção da infecção pelos vírus B ou C estão disponíveis para toda a população na rede do SUS no DF.
O tratamento da hepatite A se resume a repouso e cuidados com a dieta do paciente. Já em caso de hepatite C, a intervenção terapêutica é feita com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais de 95% e são realizados, geralmente, por 8 ou 12 semanas.
A hepatite B não possui cura, mas seu tratamento com medicamentos específicos (alfapeginterferona, tenofovir e entecavir) tem por objetivo reduzir o risco de progressão da doença e suas complicações, especialmente a cirrose e o câncer de fígado. Tanto o tratamento para a hepatite B quanto para hepatite C está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Todas as pessoas com infecção pelo vírus da hepatite B ou C podem receber o tratamento gratuito pelo SUS. O médico, tanto da rede pública quanto suplementar, poderá prescrever o tratamento seguindo as orientações dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e B (PCDT Hepatite C e PCDT Hepatite B) do Ministério da Saúde”, esclarece Beatriz.
*Com informações da Secretaria de Saúde do DF