Por Clarice Gulyas
Liberdade e estilo estampam telas brasileiras na Galeria de Artes do Banco Central do Brasil. A mostra Vanguarda Modernista reúne obras de dez artistas entre os principais modernistas do país com homenagem especial ao carioca Di Cavalcanti. O evento faz parte do programa de exposições da Coleção Banco Central, com visitação gratuita até o mês de julho de 2012.
A trajetória da arte moderna do Brasil, a exemplo do Cubismo e do Surrealismo europeus, é contada através de cores, linhas, planos, luzes, pontos e formas originais responsáveis pela renovação da arte e da cultura do país no século 20. Esse período tem seus dois marcos históricos retratados na exposição: a Semana da Arte Moderna de 1922, que ocupou o Teatro Municipal de São Paulo, e o Salão de 1931, também chamado de Salão Revolucionário.
O acervo da exposição, iniciada no dia 26 de outubro, conta com 86 obras entre pinturas, gravuras e desenhos de artistas que contribuíram para a afirmação do Modernismo brasileiro. Dos vanguardistas de 1922, comparecem Vicente do Rêgo Monteiro, acompanhado dos presentes no Salão de 1931, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Ismael Nery, Cícero Dias, Orlando Teruz, Alberto da Veiga Guignard, Antônio Gomide, Aldo Bonadei e Emiliano Di Cavalcanti, que participou de ambas as ocasiões, que celebram 90 e 80 anos em fevereiro e setembro de 2012, respectivamente.
herança e história
Na tentativa de definir a própria cultura do país e romper com a influência europeia, principalmente francesa, no campo da literatura, das artes plásticas e da música, os artistas brasileiros inovaram em estilos próprios em vanguardas que descreviam costumes e valores de negros e indígenas. A Semana da Arte Moderna de 1922 e o Salão de 1931 reuniram artistas e intelectuais para manifestar a rejeição ao passado e a exaltação do Brasil diante do futuro. O primeiro encontro teve como idealizador o escritor e diplomata Graça Aranha, enquanto o segundo ocorreu sob a guarida do urbanista Lucio Costa.
o destaque – Di Cavalcanti
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti, nasceu no Rio de Janeiro em 1897. O pintor, ilustrador, caricaturista, gravador, muralista e cenógrafo, é reconhecido como um dos maiores modernistas brasileiros por deixar a estética e o padrão europeus de lado para retratar de forma ousada e criativa a realidade brasileira, sobretudo as mulheres e o universo do samba e dos morros cariocas com técnicas diversas como xilogravuras, óleo sobre tela, serigrafia, e desenhos feitos à caneta e grafite.
O carioca iniciou sua carreira fazendo ilustrações para revistas, expondo, mais tarde, suas pinturas de forma itinerante em países como Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Holanda e França. Já nos anos 30, o então comunista brasileiro Di Cavalcanti é preso durante a Revolução Paulista, o que gerou a publicação do álbum A Realidade Brasileira, série de doze desenhos satirizando o militarismo da época. Em 1936, o artista é preso novamente, desta vez com a esposa e também pintora Noêmia Mourão, sendo que após a libertação, passaram a viver em Paris até 1940. O artista faleceu no dia 26 de outubro de 1976. Em uma de suas principais obras, Carnaval, de 1972, Di Cavalcanti expressa marcas cubistas, geometrização nas formas e nas feições dos personagens, abusando nas cores e criando uma atmosfera de suspense e sensualidade.
Confira vídeo da mostra:
serviço:
Vanguarda Modernista
local: Galeria de Arte do Banco Central (SBS, quadra 3, bloco B, 8º andar)
hora: de terça a sexta, entre 10h e 17h30; e sábados e domingos, das 14h às 18h
data: de 25 de outubro a julho de 2012
ingresso: entrada franca
informações: 3414 2099 ou www.bcb.gov.br