Condutores que se recusam a fazer bafômetro continuam impunes
Por: Clarice Gulyas
O ano de 2010 é líder de autuações envolvendo motoristas embriagados no Distrito Federal. Em menos de um ano, esse número cresceu mais de 28%. De acordo com estatísticas do Departamento de Trânsito do DF (Detran), 8.779 condutores foram flagrados sob o efeito de álcool até o último mês, enquanto, em 2009, esse número foi de 6.838. O número de multas aplicadas após vigência da Lei Seca entre maio de 2008 e novembro de 2010 foi de 17.530, média de 20 motoristas autuados por dia.
De acordo com a criminalista, Ângela Rita Cássia de Oliveira, antes de modificar os artigos 175 (referente às medidas administrativas) e, principalmente, o 306 (criminalização do infrator) do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a punição de condutores bêbados era imediata.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) reforçou, em decisão recente, o direito constitucional de o condutor se recusar a fazer o bafômetro ou o exame de sangue. O STJ arquivou processo por falta de provas contra um motorista que dirigia sob o efeito de álcool em São Paulo, mas que se recusou a fazer o bafômetro.
Elizabeth Davison criou a ONG Rodas da Paz após a morte do filho ciclista, atropelado por um motorista embriagado na faixa central do eixão, em 2006. Após condenação do autor do acidente, ela se diz insatisfeita com a pena aplicada e acredita que a sociedade deve se mobilizar para pedir mais rigor nas leis atuais. “Essa é uma pena que a gente considera branda: seis anos em regime semi-aberto. O criminoso recorreu e está até hoje solto e comemorando a vida, enquanto meu filho perdeu a dele. O mínimo que temos que pedir é que a Justiça tenha coragem de mudar esse paradigma. Não se pode ter um assassino solto sem uma pena justa para quem tirou a vida de outra pessoa”, diz.
Segundo a psicóloga, Andreia Prata, especialista em reabilitação por meio da equoterapia, são inúmeras as dificuldades enfrentadas por vítimas de trânsito durante os tratamentos físico e psicológico. A vítima deve passar por acompanhamentos psicológicos para lidar com o emocional e as perdas físicas. “Alguns danos são reversíveis e outros não, dependendo da saúde da vítima e do local afetado. A reabilitação é dolorida, demorada e difícil. É um processo que afeta toda a família e exige uma reorganização psicológica para combater a depressão e síndromes como a do pânico que são muito comuns nesses casos”, diz.
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