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Tanques de combustíveis terão destinação ecologicamente correta

Sucata de aço será transformada em matéria-prima para produção de containers de entulhos, evitando danos ambientais e gerando mais de 5 mil empregos

Por Clarice Gulyas

Transformar sucata em matéria-prima para produção de containers de entulhos. Esse é o projeto piloto lançado pela Cooperativa Ambiental dos Coletores e Recicladores de Resíduo Sólido do DF (Coopercoleta Ambiental). A proposta, apoiada pela Fundação de Apoio a Pesquisa do DF (FAP), é aproveitar os mais de 1000 tanques de combustíveis descartados a cada 15 anos pelos 314 postos existentes no DF. Hoje, muitos desses materiais não tem destinação ecologicamente correta. Além de preservar o meio ambiente, com a redução de gases poluentes, a iniciativa evitará possíveis contaminações do lençol freático e garantirá geração de empregos.

Segundo o diretor da Coopercoleta Ambiental, Paulo Roberto Gonçalves, o projeto, que teve início em 2008, contribuirá para a redução dos gastos com o descarte atual dos tanques de combustíveis, já que os novos containers serão vendidos com valores reduzidos para as 14 empresas coletoras de resíduos sólidos, filiadas a Associação das Empresas Coletoras de Entulho e Similares do DF (Ascoles). A expectativa é que sejam gerados cerca de 150 empregos diretos e cerca de 5 mil indiretos. Somente essas empresas representam hoje 80% do mercado, recolhendo diariamente cerca de 4 mil toneladas de resíduos de obras, com perspectivas de crescimento em função do lançamento de centenas de edificações do novo bairro Noroeste.

“Como esses tanques são enviados para siderúrgicas localizadas fora do DF, há o gasto de aproximadamente R$ 1.300 com o transporte e o processo de renovação da matéria-prima, que traz danos ambientais como a emissão de gases poluentes originada durante o derretimento dos tanques”, explica.

A produção dos containers de entulhos através do reaproveitamento das sucatas de tanques de combustíveis removidas dos postos de abastecimentos de veículos é um projeto devidamente licenciado pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e sua consolidação representará uma grande redução nas emissões de CO², decorrentes do transporte de sucatas de chapas de aço de Brasília para as siderúrgicas e o retorno do material reciclado para o Distrito Federal. Além disso, o custo, para o gerador, da destinação ambiental correta desses resíduos é muito inferior ao processo hoje praticado. “A caçamba reciclada é mais barata e durável. Enquanto uma caçamba normal custa R$ 2.100 e dura, em média, 5 anos, a reciclada custa R$ 1.500 e pode durar até 7,5 anos por ter as chapas mais grossas e resistentes. É uma economia de 30% para nossos associados. Cada tanque de combustível possui pelo menos 1.500 kg de chapa de aço, o que custaria em média R$ 3.600”, diz.

Os containers de entulho têm em média 5 anos de vida útil e passam por manutenção constante. Dos 5 mil containers utilizados pelas empresas filiadas à associação, aproximadamente 70% necessita de troca ou reforma. Com o passar dos anos, o material é corroído por ferrugem ou atritos como o concreto.

Para o diretor Técnico Científico da FAP, Samir Suaiden, o projeto representa uma importante iniciativa em prol da melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida no DF por meio da preservação dos recursos naturais. “É uma iniciativa que merece todo o apoio da FAP porque seus objetivos convergem para a missão de nossa instituição, que consiste em contribuir para o desenvolvimento sustentável do DF, mediante o apoio e fomento à ciência, à tecnologia e à inovação”, diz.

De acordo com Paulo, apesar da maioria das empresas de postos de combustíveis respeitar as exigências ambientais do Ibram e do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), é possível flagrar dezenas de sucatas descartadas a céu aberto em regiões próximas do DF. A limpeza dos resíduos internos dos tanques de combustíveis é onerosa e requer conhecimentos técnicos específicos, alerta o diretor da Coopercoleta Ambiental. O acúmulo de borras de petróleo é uma das principais preocupações socioambientais pelo risco de contaminação do lençol freático, com vazamento de restos de combustível, e de explosão, já que muitos gases ficam acumulados dentro desses tanques, sem a ventilação adequada.

O gerente de Licenciamento Ambiental e dos Recursos Hídricos do Ibram, Saulo Gregory, afirma que os postos de combustíveis emitem comprovante de destino que contém as empresas licenciadas para dar a finalidade ao material. “As ações de fiscalização ocorrem normalmente com base em denúncia. Ao emitir a licença de funcionamento, as empresas se comprometem a obedecer exigências como desgaseificar o latão, limpar a borra de óleo acumulada nos tanques e depois enviar os tanques para empresas específicas. Não há muito perigo quando se retira o gás e a borra de óleo, mas nunca a limpeza é 100%”, alerta.

Para o presidente do sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do DF (Sinpetro), José Carlos Fonseca, o projeto irá incentivar ainda mais a conscientização ambiental entre os comerciantes do ramo. “A primeira coisa é a certeza de que tudo será feito sob correta observação da legislação ambiental e segundo, envolve o aspecto pecuniário, pois haverá diminuição das despesas com a reforma do posto e caçambas com menor custo”, diz.

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